Ministro Haddad e deputados entram em confronto acalorado no plenário da Câmara
Confronto no plenário: Haddad acusa deputados de "molecagem" e sessão termina em tumulto
Nesta quarta-feira (11/06/2025), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de uma audiência pública conjunta das Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. O debate, que deveria abordar medidas de ajuste fiscal e reformas tributárias, degenerou em um bate-boca acalorado entre Haddad e deputados da oposição, principalmente Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG).
A sessão foi interrompida abruptamente após Haddad classificar a atitude dos parlamentares de "molecagem", acusando-os de fazerem perguntas e deixarem o plenário antes de ouvir as respostas. A reação dos deputados foi imediata, resultando em trocas de insultos e um clima de tensão que levou ao encerramento prematuro da reunião.
Os principais momentos do embate
1. Críticas à gestão fiscal e saída dos deputados
A audiência começou com questionamentos de Nikolas Ferreira e Carlos Jordy sobre o aumento de impostos e o déficit nas contas públicas sob o governo Lula. Os parlamentares acusaram Haddad de promover uma "gastança descontrolada" e aumentaram o tom das críticas antes de se retirarem da sala, sem esperar a resposta do ministro.
"Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. Nikolas sumiu, só para aparecer. Isso é molecagem, e não é bom para a democracia."
- Fernando Haddad, Ministro da Fazenda
2. Retorno dos deputados e troca de farpas
Informados sobre as declarações do ministro, Jordy e Ferreira retornaram ao plenário e exigiram direito de resposta. Carlos Jordy disparou:
"Moleque é você, ministro, por aceitar um cargo dessa magnitude só com dois meses de faculdade de economia. Moleque é você por ter o maior déficit da história: R$ 230 bilhões!"
- Carlos Jordy, Deputado (PL-RJ)
Nikolas Ferreira também tentou intervir, mas foi interrompido pelo presidente da sessão, Rogério Correia (PT-MG), que alegou desrespeito ao regimento. O clima ficou ainda mais tenso, com deputados gritando e discutindo entre si, até que a reunião foi oficialmente encerrada.
O pano de fundo do conflito
1. A disputa sobre o déficit fiscal
Haddad rebateu as críticas sobre o déficit recorde, argumentando que o superávit de R$ 54 bilhões em 2022 (governo Bolsonaro) foi alcançado com manobras contábeis, como:
- Atraso no pagamento de precatórios
- Privatização da Eletrobras abaixo do valor de mercado
- Redução artificial do ICMS sobre combustíveis, prejudicando estados
O ministro afirmou que o governo atual está corrigindo essas distorções, mas enfrenta resistência da oposição, que "vomita números errados" para desqualificar a política econômica.
2. O impacto político do confronto
Analistas avaliam que o tom combativo de Haddad pode ter dois efeitos:
- Fortalecer sua imagem como um ministro que não foge do debate, animando a base petista
- Aprofundar o conflito com o Congresso, dificultando a aprovação de reformas como a tributária e o ajuste fiscal
Repercussão e próximos passos
1. Reações após o tumulto
- Oposição: O líder do PL na Câmara, deputado Zucco (RS), declarou que Haddad "perdeu as condições de continuar no cargo" e acusou o ministro de "tumultuar" a sessão.
- Governo: Haddad lamentou o desrespeito e alertou que, se esse comportamento persistir, ministros podem evitar comparecer a comissões, prejudicando o diálogo entre Executivo e Legislativo.
2. O que esperar agora?
A reforma tributária e o pacote de ajuste fiscal continuam sendo os principais focos de tensão. O governo busca negociar com o Congresso, mas o clima de polarização dificulta acordos.
Conclusão: Um debate que reflete a crise política
O embate entre Haddad e os deputados vai além de uma simples discussão técnica: é um reflexo da polarização que domina o cenário político brasileiro. Enquanto o ministro tenta justificar medidas impopulares, a oposição usa o plenário para mobilizar sua base nas redes sociais.
A interrupção da sessão mostra que, sem diálogo respeitoso, as decisões econômicas cruciais para o país podem ficar paralisadas no Congresso.

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