IAEA alerta sobre contaminação no complexo nuclear de Natanz após ataques israelenses

Na segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) convocou uma sessão urgente para discutir os recentes ataques militares israelenses contra instalações nucleares iranianas, incluindo o principal complexo de enriquecimento de urânio em Natanz. Segundo o diretor-geral da IAEA, Rafael Mariano Grossi, há risco de contaminação radiológica e química no interior da instalação, embora os níveis de radiação fora do local permaneçam normais e sem impacto externo imediato.

Detalhes da contaminação e riscos internos

Grossi explicou que a principal preocupação reside no vazamento de hexafluoreto de urânio, um gás tóxico e corrosivo produzido durante o processo de enriquecimento de urânio. Este gás pode causar queimaduras na pele e ser fatal se inalado. Além disso, a radiação interna consiste principalmente em partículas alfa, que são perigosas se o urânio for inalado ou ingerido, mas podem ser controladas com equipamentos de proteção respiratória adequados.

“O nível de radioatividade fora do local de Natanz permanece inalterado e dentro dos níveis normais, indicando que não houve impacto radiológico externo à população ou ao meio ambiente”, afirmou Grossi. No entanto, ele ressaltou que compostos contendo isótopos de urânio podem estar dispersos dentro da instalação, exigindo medidas de proteção rigorosas para os trabalhadores e equipes de segurança.

Impactos dos ataques israelenses no complexo de Natanz

Os ataques israelenses destruíram a parte acima do solo da Planta Piloto de Enriquecimento de Combustível em Natanz, onde o Irã produzia urânio enriquecido até 60% de U-235. Além disso, a infraestrutura elétrica do local foi severamente danificada, incluindo subestações, prédios de fornecimento de energia e geradores de emergência.

Embora não tenha havido danos físicos diretos às áreas subterrâneas onde ficam as cascatas de centrífugas, a perda de energia pode ter comprometido o funcionamento desses equipamentos essenciais para o enriquecimento de urânio. O chefe da agência iraniana de energia nuclear, Mohammad Eslami, confirmou que não houve vazamento de radiação para fora do local e que os danos se limitaram à infraestrutura de superfície, sem vítimas.

Contexto do complexo de Natanz e seu papel estratégico

Localizado a cerca de 300 km ao sul de Teerã, o complexo de Natanz é o principal centro de enriquecimento de urânio do Irã, composto por instalações subterrâneas protegidas por grossas camadas de aço e concreto, a mais de 40 metros de profundidade. Revelado publicamente em 2002, Natanz tem sido foco de tensões internacionais devido ao potencial uso do urânio enriquecido para fins militares.

O ataque israelense ocorre em um momento delicado, logo após um relatório da IAEA apontar que o Irã está em não conformidade com suas obrigações de não proliferação nuclear, devido a atividades secretas em locais não declarados. A sessão urgente da IAEA foi convocada a pedido da Rússia para debater os impactos dos ataques e as implicações para a segurança regional e global.

Repercussões internacionais e riscos para a segurança nuclear

O diretor-geral da IAEA enfatizou que instalações nucleares destinadas a fins pacíficos nunca devem ser alvo de ataques militares, citando resoluções da ONU que proíbem tais ações por representarem riscos à segurança humana e ambiental. A agência mantém contato constante com as autoridades iranianas para monitorar a situação e garantir que medidas de segurança sejam implementadas.

Além de Natanz, o ataque israelense também danificou quatro estruturas críticas no complexo de Esfahan, incluindo instalações de conversão de urânio e fabricação de combustível nuclear, sem causar aumento nos níveis de radiação externa. Outras instalações, como a usina nuclear de Bushehr e o reator de pesquisa de Teerã, não foram afetadas.

Conclusão: um cenário de tensão e vigilância constante

Os recentes ataques israelenses contra as instalações nucleares iranianas, especialmente em Natanz, evidenciam a escalada do conflito entre os dois países e os riscos inerentes à segurança nuclear na região. A IAEA segue monitorando de perto a situação, alertando para os perigos de contaminação interna e reforçando a necessidade de proteção rigorosa para evitar consequências graves para trabalhadores e o meio ambiente.

Este episódio reforça a importância do diálogo diplomático e do respeito às normas internacionais para garantir a segurança das instalações nucleares e evitar uma crise humanitária e ambiental de maiores proporções.